A Direção Geral de Energia e Geologia avisa que pode haver problema no abastecimento de gás natural a partir de 2024 se o terminal de Sines falhar, isto se não for reforçada a capacidade do sistema. Recomenda, também, uma maior diversificação nas fontes de abastecimento.
A Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG) reviu o relatório de Monitorização da Segurança de Abastecimento do Sistema Nacional de Gás Natural até 2030. Traçou três cenários em relação ao armazenamento e abastecimento de gás natural, tendo concluído que pode haver problemas para esta fonte de energia chegar a casa de todos os consumidores se não forem tomadas medidas.
Uma delas está prevista e é a 3.ª interligação entre Portugal e Espanha, que vai unir Celorico da Beira a Zamora através de um gasoduto DN700 (28") com 162 km. O projeto desenvolve-se em duas etapas e está previsto ser concluído até 2030.
A DGEG explica que é necessário cumprir os prazos de construção daquele gasoduto, cuja 1ª fase está apontada para 2021, por ser essencial no caso de existir um pico de consumo e se falhar o Terminal de Gás Natural Liquefeito de Sines, a maior infraestrutura de oferta de gás natural.
"Os défices de capacidade no período 2018-2023 não são suficientes para se considerar que haja riscos para a segurança do abastecimento do Sistema Nacional de Gás Natural (SNGN). A partir de 2024, verifica-se que o défice de capacidade atinge cerca de 10% da ponta extrema de consumo e cerca de 20% em 2030, pelo que será necessário equacionar medidas que permitam mitigar esta situação e reduzir o risco para a segurança do abastecimento", refere o relatório.
Uma segunda questão tem a ver com a diversificação de abastecimento, reconhecendo a entidade os esforços dos governantes em alargar o leque dos países fornecedores. Em 2011, a Argélia e a Nigéria representavam 90% das importações de gás natural, percentagem que desceu para 70 em 2015. Portugal recorreu, entretanto, ao Qatar, Noruega e Trinidad e Tobago.
No entanto, sublinha o relatório, "este trabalho deverá continuar, tendo em conta que a Nigéria e a Argélia são países com frequentes focos de instabilidade, nomeadamente ao nível das infraestruturas energéticas como pipelines e complexos de gás natural, com potenciais riscos para o abastecimento de gás a Portugal".
Em 2015 registou-se um aumento do consumo de gás natural, mais 18 % do quem em 2014, invertendo-se a tendência de descida que se registava desde 20111, a ano do pico do consumo.
Face a este crescimento, os cenários traçados até 2030, "apontam para um crescimento médio anual que varia entre 2,1% (a média) e 2,6% (o máximo)".
in DN, 20 julho 2018